Uma empresa de tecnologia localizada no bairro São Geraldo, em Porto Alegre, decidiu encerrar suas operações na capital após ser severamente afetada por uma enchente. A empresa, que enfrentava problemas de alagamento há sete anos, viu suas instalações serem submersas por dois metros de água, o que levou à decisão de se mudar para Cachoeirinha. A nova unidade deve começar a operar em 60 dias.
Valtuir Caetano, um dos sócios da empresa, relatou que os danos causados pela enchente foram devastadores, com prejuízos estimados em R$ 2 milhões. Ele criticou a ineficácia das medidas preventivas e a falta de manutenção em infraestruturas críticas. “Desde a primeira semana aqui, enfrentamos alagamentos. Desenvolvemos um sistema de comportas, mas nunca imaginamos que a água atingiria dois metros de altura”, explicou.
A enchente danificou equipamentos de informática, muitos dos quais estavam prontos para entrega, incluindo um lote de 150 produtos destinados a uma grande rede varejista. Caetano destacou que a situação foi agravada pela inoperância das bombas de escoamento. “Se a bomba estivesse operando em plena capacidade, provavelmente a tragédia não teria alcançado essa magnitude”, lamentou.
Para garantir a continuidade dos serviços, a empresa adotou medidas emergenciais, como a transferência de parte da produção para Gravataí. No entanto, a produção caiu em 90%. Caetano expressou frustração com a falta de ação das autoridades: “O governo e o município sabiam do risco, mas não tomaram as medidas necessárias para prevenir essa tragédia”.
A empresa também enfrenta o desafio de descartar equipamentos danificados pela água contaminada, que começaram a enferrujar. “Prezamos pela qualidade dos nossos produtos e não podemos reutilizar componentes danificados. Prefiro descartá-los para manter a integridade do nosso nome no mercado”, explicou Caetano.
Nesta quinta-feira, o trabalho de limpeza em frente à empresa foi intensificado. Após a chuva de ontem, pilhas de resíduos se desfizeram, espalhando lixo pelas vias. “É revoltante saber que a nossa rua foi negligenciada enquanto outras receberam atenção”, ressaltou Caetano, destacando que a limpeza das ruas é uma questão de saúde pública.
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou que a força-tarefa após a enchente chegou a 19 locais nesta quinta-feira. Desde 6 de maio, foram retiradas 74.222 toneladas de resíduos das ruas, incluindo restos de móveis estragados, raspagem de lodo acumulado e lixo de varrição.
A lavagem por hidrojateamento ocorre em oito vias nesta quinta-feira. O bairro São Geraldo, assim como Menino Deus, Navegantes e Centro Histórico, estão na lista de locais que receberão atenção especial do DMLU.