Brasileiros enfrentam frustrações ao buscar residência nos EUA por meio de processo seletivo instável

Zubov Morozov
By Zubov Morozov 4 Min Read

Nos últimos anos, tem crescido significativamente o número de brasileiros que apostam alto em processos de imigração voltados a profissionais qualificados. O objetivo é conquistar residência permanente nos Estados Unidos, mas muitos acabam enfrentando rejeições surpreendentes, mesmo após atenderem a todos os critérios exigidos pela legislação norte-americana. A sensação é de injustiça, especialmente diante de decisões que não possuem qualquer respaldo técnico ou jurídico.

Esse tipo de procedimento oferece, em teoria, uma oportunidade legítima para talentos estrangeiros contribuírem com o desenvolvimento dos Estados Unidos, dispensando a exigência de uma proposta de emprego. A proposta é atraente, especialmente para quem tem um histórico profissional relevante, produção acadêmica ou contribuições notáveis em áreas de interesse nacional. No entanto, a realidade enfrentada por muitos candidatos revela um cenário de insegurança e decisões arbitrárias.

Relatos de brasileiros que passaram por esse processo mostram que não basta atender aos requisitos. Um advogado, por exemplo, teve sua solicitação recusada duas vezes, mesmo com documentação robusta. Em uma das negativas, o documento de resposta sequer fazia referência correta ao seu caso, revelando um despreparo alarmante por parte da autoridade responsável pela análise. A decisão parecia ter sido feita sem qualquer leitura do material enviado.

A responsabilidade pelas análises recai sobre o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos, que delega essa função a funcionários administrativos. Esses agentes não são juízes nem possuem, necessariamente, formação jurídica. Ainda assim, contam com autonomia total para decidir sobre a aceitação ou não dos pedidos. O mais alarmante: não são obrigados a fundamentar tecnicamente suas decisões, o que abre margem para interpretações subjetivas e decisões inconsistentes.

Mesmo com estatísticas mostrando taxas de aprovação variando entre 50% e 75%, especialistas alertam para um viés dentro do sistema. Candidaturas de profissionais americanos ou de setores tradicionalmente valorizados tendem a ter mais êxito. Já estrangeiros de áreas menos favorecidas, como o Direito, enfrentam obstáculos desproporcionais, mesmo quando apresentam dossiês minuciosamente preparados e com evidências substanciais.

Um agravante do problema está na atuação de alguns advogados especializados em imigração. Muitos deles, ao atenderem brasileiros, preferem esconder os riscos reais do processo. Com promessas de que o perfil do cliente é “ideal” ou que “as chances são ótimas”, conseguem firmar contratos que envolvem investimentos superiores a 40 mil dólares. Pouco ou nada se fala sobre o caráter subjetivo da análise e a possibilidade real de rejeição, mesmo com um perfil bem qualificado.

A armadilha, nesse caso, é silenciosa. O profissional contratado apresenta as exigências formais, confere se o cliente atende a todos os pontos e estimula o investimento. O que não é dito, no entanto, é que as decisões podem ser totalmente aleatórias e que, por mais que tudo esteja certo no papel, a aprovação está longe de ser garantida. A frustração se torna ainda maior quando a pessoa percebe que jamais foi informada sobre a verdadeira natureza do processo.

Com cada vez mais brasileiros relatando experiências semelhantes, a recomendação é clara: é essencial buscar informações reais antes de iniciar esse tipo de processo. Saber quem analisa, como funciona o julgamento e quais os riscos reais pode poupar milhares de dólares e anos de preparação. A conscientização precisa ser coletiva, pois somente assim será possível evitar novas decepções em massa.

Autor: Zubov Morozov

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